As Juventudes, presentes no “1º Festival Conecta Juventudes, Cultura e Inclusão Digital”, realizado pela AJURCC com apoio do NIC e CGEI em Cabaceiras - PB, de 12 a 14 de janeiro de2024, um evento que se configurou como um espaço concreto de diálogos sobre açõesinclusivas, considerando a participação, interação, formação, fomento cultural e digital, deconstrução coletiva de conhecimento entre jovens do campo, da florestas, das águas, e dascidades, sobre as demandas e as especificidades das juventudes com foco em ações educativasque enfatizaram a inclusão digital, cultural e a mobilização das diversas expressões juvenis nadefesa e garantia de direitos.

Destacamos que nós, jovens, consideramos este Festival como um momento de granderelevância das juventudes, um marco significativo em nossa luta que contou com a presença dejovens lideranças Quilombolas, Indígenas, Povo de Religiões de Matrizes Africanas,LGBTQIAPN+, camponeses, periféricos de diferentes territórios, que juntos e juntas. As 398pessoas presentes, afirmam existir um processo de exclusão de jovens periféricos, mulheres,pretos e pretas, e camponeses, do direito humano de ter acesso à informação, e acesso às novastecnologias, a qual destacamos à Internet banda larga de qualidade.

É preciso considerar que nós, jovens empobrecidos da classe trabalhadora, somosrotineiramente excluídos do mundo digital, que há disparidades no acesso a internet de qualidadee a equipamentos como smartphones, tablets, computadores, e que ao longo de geraçõesestamos atrasados usando máquinas obsoletas, em casa, nos espaços públicos e, sobretudo, naescola, isso quando há possibilidade de contato com tais equipamentos.

Portanto somos cientes de que há necessidade urgente de que sejam construídas políticaspúblicas focada na inclusão digital e garantia de acesso a novas tecnologias no qual nós jovens,pretos/as, periféricos/as, quilombolas, indígenas do campo, das florestas e das águas, homens emulheres, LGBTQIAPN+, possamos ter internet banda larga de qualidade, cursos técnicos eprofissionalizantes, mas que ao mesmo tempo tenhamos acesso a equipamentos tecnológicosque nos dê condições para criar, produzir e elaborar conteúdos, hardware e software, ocupar arede mundial de internet com todo potencial, força e resistências. Que possamos construir em péde igualdade no mundo físico e virtual uma sociedade mais justa e solidária e que ao mesmotempo possamos nos pautar enquanto sujeitos de direitos construtores/as de nossas própriashistórias.

É considerando a contextualização acima que às juventudes presentes no 1º Festival Conecta Juventudes apresentam a seguintes demandas:

  • Construção de programas, projetos e ações governamentais em âmbitos Municipal, Estadual e Federal com o objetivo de garantir internet banda larga de qualidade para comunidades, quilombolas, indígenas, assentamentos rurais, favelas e vilas.
  • Promoção de parcerias entre entidades públicas e/ou privadas, buscando recursos que permitam criar pontos de acesso à internet de forma coletiva e comunitária, com suporte e orientação para uma utilização segura pelas juventudes.
  • Criação de redes de internet autônomas de distribuição comunitária, com gestão compartilhada, junto às organizações da sociedade civil locais como cooperativistas e associativistas que consideram os/as jovens como protagonistas do processo de gestão e manutenção.
  • Constituição de parcerias com instituições de ensino, como as Universidades, e Institutos Federais para criar e/ou difundir soluções, como APPs e/ou Softwares gratuitos, para auxiliar no levantamento da realidade das comunidades, bem como promover formação tecnológica e orientação administrativa e financeira para os coletivos jovens e demais grupos existentes.
  • Promoção de intercâmbios entre os grupos, coletivos e associações existentes, de forma que o conhecimento possa ser sistematizado e compartilhado em espaço próprio na internet que dê visibilidade às conquistas, avanços e dificuldades de cada território e comunidade.
  • Realização de campanhas e ações em diferentes setores da sociedade sobre cibersegurança (Autenticidade, Integridade e Disponibilidade), sistemas de segurança e a manutenção de uma vida conectada em segurança, difundindo informações sobre ataques comuns, como o de força bruta, phishing, Man-in-the-middle e ransomware e outros.
  • Elaboração e implantação de políticas públicas direcionada ao combate aos racismos nas redes, amplificando os espaços e alcance de discussão, produzindo ferramentas de divulgação, (re)construindo as pontes entre os trabalhos realizados nas comunidades e sua visibilidade, valorizando e divulgando as conquistas da população negra como forma de reivindicação dos espaços renegados.
  • Criação e ampliação dos espaços virtuais públicos de discussão para as diversas juventudes que levam em consideração as realidades desses sujeitos, em suas especificidades, sobretudo os empobrecidos/as, periféricos, LGBTQIAPN+, indígenas, quilombolas, pescadores/as e camponeses/as.
  • Criação de políticas públicas, programas e projetos, objetivando auxílio financeiro para garantia de acesso à internet direcionada a estudantes de ensino Fundamental, médio e universitário , quilombolas, indígenas, pescadores e camponeses.
  • Criar um espaço virtual público de discussão para as diversas juventudes acompanharem o desenvolvimento e execução das políticas públicas, usando este espaço para identificar potenciais oportunidades.
  • Implementação do ensino da robótica em escolas do ensino infantil, fundamental e médio.
  • Oferecer capacitação para educadores e professores da rede pública, quanto à montagem e utilização de equipamentos, de informática, kits de robótica dentre outros, visando que os equipamentos disponibilizados sejam utilizados de forma eficaz.

Cabaceiras - PB, 14 de janeiro de 2024

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